quarta-feira, 22 de outubro de 2008

tina.



ela não era necessariamente a mulher mais feia do mundo. mas era, seguramente, uma das mais. feia, mas um doce. um doce, mas feia. não importava a frase, se ela começava ou terminava com "tina da boléia....", tal frase tinha a palavra feia nela. o que, você pode concordar, não era assim das melhores coisas do mundo para uma mulher vaidosa. sim, tina era muito vaidosa. investiu num caminhão com mais espaço na parte de trás: "dormir 8 horas por dia é o segredo para manter essa pele viçosa." tina fora casada com um vagabundo torcedor do américa do rio. nota: o "vagabundo" da frase anterior não implica que apenas vagabundos torcem para o américa do rio. mas o fêla torcia. e era um vagabundo. certa vez tina entrou em casa e encontrou o vagabundo do marido comendo a prima de terceiro grau. ela, vestida com uma camisa do américa e ele com uma lata de cerveja cintra equilibrada sobre as costas dela-- enquanto ele mandava brasa: "você é muito feia muié." tina não era amargurada. como você sabe, tina era apenas feia. não acreditava em bordões como: "o que importa é o conteúdo... não julgue um livro pela capa...", e similares." acreditava cegamente no espelho e na ausência de cantadas na estrada. e por falar em estrada, hoje, a tina completa e comemora 40 anos de estrada. 40 anos. ao acordar, tina fez um pedido. um desejo. tina queria que pelo menos hoje, alguém, qualquer caminhoneiro, ou mesmo um pedestre. qualquer. tina queria um assobio. um grito de "gostosa" também seria bem vindo. um assobio ou um grito. tina colocou a camisa mais curta, o short jeans desfiado nas pontas e uma meleca no cabelo.


ela não era necessariamente a mulher mais feia do mundo. mas era, seguramente, uma das mais.

1 comentário:

Anónimo disse...

Coitada da Tina, gente!