quarta-feira, 2 de abril de 2008

a linalva


















meu nome é gilmar. amo essa mulher. quando eu a conheci, não era careca. "homão" ela me chamava. "vem cá meu homão isso. vem cá meu homão aquilo." nossa primeira vez foi encostado no portão da casa dela. a porta rangia, o cachorro latia. mas o tempo é foda rapaz. o tempo é complicado. meu cabelo se foi. mas a vontade de pegar ela de jeito, não. e se antes a linalva segurava qualquer onda. aguentava minhas manias. toda essa paciência foi para o caralho. o futebol ela aguenta. a mania de ajeitar o saco quando coloco meu jeans lee, também. mas catar resto de carne dos dentes com palitos 'gina', nunca. eu conheço aquela cara. aqueles lábios caidos. quando os lábios da linalva ficam molengas, fodeu. é que a linalva fica puta com o barulhinho. aquele, da língua sugando a carninha. a mesma carninha que é empurrada simultaneamente pelo palito de madeira 'gina'.

a linalva não suporta a minha relação com os palitos gina. porra, mas o que é que eu posso fazer se eu tenho os dentes frouxos. não fica assim não linalva. dezessete minutos depois, no intevalo de santos e guaratinguetá, linalva grita, durantes os melhores momentos de gilmar: "homão. vem cá meu homão."


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